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Iluminarte 2

Um mundo de múltiplas formas e cores, que desperta para fantasias e abre espaço para sonhos do mundo real. É este o universo surrealista que desejamos criar com a segunda edição da Iluminarte. O surrealismo como movimento de vanguarda surge na Europa no período entre guerras, mas seu impacto ultrapassa o velho continente, deixando marcas até em nosso modernismo brasileiro. Baseado nas descobertas de Sigmund Freud sobre o inconsciente e diante do desejo por um mundo menos racional e carente de imaginação, o surrealismo apresenta imagens até então impossíveis.

À primeira vista, as cinco obras espalhadas pelo CJ Shops podem lembrar as associações livres do cadavre exquis (jogo feito pelos surrealistas em que palavras aleatórias são escritas em sequência sem que se saiba das anteriores, criando poemas aparentemente ilógicos, mas repletos de significado). Rapidamente a reunião destes artistas ganha sentido sob a perspectiva de um surrealismo contemporâneo: todas as obras vivem entre o real e o imaginário; estão entrelaçadas quando partem de noções fantásticas, revelando algo de inconsciente para criar uma fantasia livre e aberta a uma infinidade de interpretações. Nas palavras do escritor francês Guillaume Apollinaire (que teria cunhado o termo “surrealismo”), os artistas nos conduzem “bem vivos e despertos ao mundo noturno e fechado dos sonhos”.

Se o shopping não é necessariamente um lugar óbvio para se encontrar obras de arte, a cada passo pode haver uma surpresa. As obras aqui instaladas despertam o onírico, o lúdico e o súbito por meio de formas e cores. Já na fachada, somos surpreendidos por esculturas digitais nos vigiando no painel de LED e conectando o mundo de fora ao de dentro. Um lustre feito de mais de 6 mil metros de correntes e que brilha como um sol no centro do espaço pode ser visto de todos os andares, ligando o teto ao chão: a cada ângulo, uma interpretação diferente. Surpreende a presença de uma cachoeira de luzes no meio da cidade de São Paulo, criando uma sensação de desorientação ou de questionamento dos nossos próprios sentidos. A justaposição de uma escultura gigante de inspiração clássica soterrada em um dos pisos remete a uma miragem ou um não-lugar – completamente inesperado. Assim como os objetos coloridos e repletos de forma e cores que lembram um sonho, mas são inspirados no dia a dia de muitos cantos do país, onde os recursos utilizados são os que se têm à mão.

Como escreveu André Breton em seu “Manifesto Surrealista” de 1924, “Vivemos de fato das nossas fantasias quando lá estamos”. Assim, esperamos que esta visita se torne uma possibilidade para que cada um viva sua fantasia, não importando que cores ou formas ela tenha.